Uma jovem de 28 anos, moradora de Ibirá (SP), foi brutalmente espancada, sequestrada e mantida em cárcere privado pelo namorado, de 40 anos, em São José do Rio Preto (SP). O agressor, que já tinha histórico de violência e passagens criminais, foi preso nesta última quarta-feira (27/08/2025), após ter a prisão preventiva decretada.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Interior, a vítima, que não terá a identidade revelada, contou que conheceu o namorado há cerca de cinco meses, em Urupês (SP), onde ele morava. No início do relacionamento, não percebeu sinais da violência que enfrentaria, mas com o tempo descobriu mentiras sobre sua idade e até mesmo passagens policiais. O homem já havia sido casado por 15 anos e, após agredir a ex-esposa, ela chegou a pedir medida protetiva contra ele.

Logo nos primeiros meses, a jovem foi agredida pela primeira vez e, machucada, voltou para Ibirá, solicitando também medida protetiva. No entanto, enganada por promessas e pedidos de perdão, aceitou reatar o relacionamento. O agressor alugou então uma casa em São José do Rio Preto, no Parque Residencial da Lealdade, para manter o relacionamento. Foi nesse endereço que os crimes aconteceram.

Segundo relato da vítima, após um dia aparentemente tranquilo, uma crise de ciúmes do companheiro, no dia 15 de agosto, desencadeou dias de tortura. O homem a manteve em cárcere, espancando-a com socos, chutes e agressões diversas, inclusive nos pés, para que ela não conseguisse andar. Ele também cortou seu cabelo, em uma tentativa de humilhá-la e justificar falsas traições.

A vítima contou que agonizou por várias noites, gritando de dor, e que chegou a tentar fugir, mas foi recapturada, arrastada pelos cabelos e levada de volta para dentro da casa. Durante o período, o agressor usava o celular da vítima para enviar mensagens, fingindo ser ela.

O sofrimento durou até o dia 18 de agosto, quando o homem a deixou sozinha, sem cuidados. Apenas dois dias depois, temendo que ela morresse, ligou para o pai dela, passando o endereço. O pai, Décio Etori Canossa, encontrou a filha em estado grave e a levou para a Santa Casa de Ibirá.

Devido à gravidade dos ferimentos, a jovem foi transferida ao Hospital de Base de São José do Rio Preto, onde passou por cirurgia de seis horas. Ela havia perdido cerca de 80% do sangue, sofreu fraturas no braço e no nariz, levou 14 pontos em um dos braços e permaneceu internada por vários dias.

“Graças a Deus minha filha está viva e é isso o que importa. Espero que ele preso, a justiça seja feita. Ele vai ter que pagar pelo o que fez”, disse o pai à Gazeta.

Ainda em recuperação e abalada psicologicamente, a vítima desabafou. “Eu nunca imaginei do que ele seria capaz. Agora estou em tratamento psicológico. Mais grave que as marcas e fraturas, é o trauma que vou carregar para o resto da vida. Passo noites sem dormir, revivendo cada dor e sofrimento.”

O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Rio Preto. Segundo o delegado Victor Ramazzotti, o agressor teve a prisão preventiva decretada por 10 dias. Ele já tinha passagem por tráfico de drogas.

“O inquérito está em andamento e aguardamos os laudos da vítima para avaliar se o caso será enquadrado como tentativa de feminicídio. Temos esse prazo para concluir a investigação e possivelmente oferecer denúncia”, explicou o delegado.