Nova Aliança

Aluno tenta tirar a própria vida dentro de escola estadual de Nova Aliança (SP) após sofrer bullying

autor: Por Luiz Aranha, Gazeta do Interior - Nova Aliança

Publicado em

Última edição:

COMPARTILHE!  

Casos de bullying dentro da Escola Estadual Gabriel Cozzetto, em Nova Aliança (SP), quase terminaram em tragédia na última segunda-feira (01/09/2025). Um estudante de apenas 12 anos, vítima recorrente de ofensas e comparações humilhantes, tentou tirar a própria vida dentro da unidade escolar.

O episódio ocorreu durante o intervalo das aulas, quando o aluno se dirigiu até uma área verde da escola, pegou uma corda elástica utilizada em aulas de educação física e tentou se enforcar em uma árvore. A ação só não foi consumada porque um colega percebeu a cena e avisou a diretora, que correu até o local.

Segundo o boletim de ocorrência, registrado nesta última terça-feira (02/09) pela mãe do estudante, o filho cursa o 7º ano e sempre se destacou pelo bom comportamento, sendo educado, carinhoso e estudioso. Apesar disso, há anos é alvo de ataques por parte de dois colegas — um menino de 12 anos e uma menina de 14 — que estudam na mesma sala.

Na segunda-feira, o aluno voltou a ser xingado de “gordo” e alvo de comparações ofensivas. Um dos agressores teria dito, ainda, que se considerava feliz por ter o pai presente, insinuando que a vítima não tinha o mesmo privilégio.

Quando a diretora chegou ao local, encontrou o menino em cima de um banco, prestes a passar a corda no pescoço. Ele desistiu após ouvir os pedidos da gestora e de colegas e foi levado à diretoria, onde recebeu apoio da mãe e do Conselho Tutelar.

Os pais dos adolescentes apontados como agressores foram notificados pela escola e posteriormente na delegacia. O caso foi registrado como ato infracional – constrangimento ilegal e será investigado pela Polícia Civil.

Em entrevista à Gazeta do Interior, a mãe da vítima contou que o filho precisou de atendimento em um hospital psiquiátrico e recebeu três dias de afastamento escolar. Ela disse que o menino não apresenta histórico de depressão nem faz uso de medicamentos, atribuindo o episódio unicamente aos ataques sofridos ao longo dos anos.

“Meu filho sempre relatou os episódios de bullying que sofria, mas eu acreditava que poderia ser pior me intrometer. Achava que era coisa de estudante e que se resolveria entre eles. Agora vejo que isso é um alerta, não só para mim, mas para todos os pais ouvirem seus filhos e darem a atenção necessária. Espero que nunca mais aconteça isso com nenhuma outra criança”, desabafou.

A mãe reforça que o caso poderia ter ocorrido com qualquer outro aluno da escola. “Diversas crianças sofrem bullying lá dentro e, infelizmente, ninguém toma atitude. Criamos nossos filhos com amor e carinho e esperamos que os pais desses adolescentes tenham a mesma responsabilidade para que isso não se repita.”

O episódio trouxe à tona outros casos semelhantes. A mãe de outro estudante de 12 anos, que também estuda na mesma sala, afirmou que seu filho e vários outros estudantes sofrem ataques frequentes dos mesmos colegas, inclusive com agressões físicas. Ela disse que vai procurar a polícia.

“Meu filho chegou em casa chorando, muito abalado por ter presenciado a cena. Não o mandei para a escola e espero que a direção, assim como a Secretaria de Educação do Estado, tomem providências. É um absurdo”, declarou.

Questionada sobre quais medidas serão tomadas com relação ao caso, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo enviou uma nota genérica afirmando que acompanha diariamente a rotina das escolas estaduais por meio do Programa Conviva-SP, criado em 2019 para melhorar a convivência e a proteção escolar. O programa busca garantir um ambiente acolhedor e seguro, fortalecendo a participação da família, combatendo o bullying e o cyberbullying e promovendo ações de apoio à saúde mental.

Entre as iniciativas estão o atendimento de mais de 670 psicólogos nas escolas, a atuação de cerca de 715 Professores Orientadores de Convivência (POCs) na mediação de conflitos, a presença de quase mil vigilantes em unidades selecionadas e o Protocolo Conviva 179, que orienta gestores sobre como agir em situações de vulnerabilidade ou quebra da ordem dentro do ambiente escolar.​

Questionada diretamente sobre os inúmeros episódios de bullying dentro da escola Gabriela Cozzetto, a Secretaria não respondeu.