
O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, enfrenta uma crise sanitária e comercial após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde então, mais de 30 países impuseram restrições totais ou parciais às importações de produtos avícolas brasileiros, incluindo China, União Europeia, México, Chile, Uruguai, Argentina, Filipinas, Jordânia, Iraque e Ucrânia.
A China, principal destino das exportações brasileiras de frango, suspendeu as importações de todo o território nacional a partir de 17 de maio. O governo brasileiro tem solicitado que o embargo seja limitado apenas à região afetada, mas ainda não obteve resposta.
De acordo com o Ministério da Agricultura, até o momento, foram confirmados 137 casos de gripe aviária no Brasil, sendo 134 em animais silvestres (131 em aves e três em leões-marinhos) e três em criações domésticas de subsistência. Não há registros de infecções em aves comerciais além do caso em Montenegro.
O Ministério da Saúde informou que não há casos confirmados de gripe aviária em humanos no Brasil. Até agora, todas as amostras coletadas de pessoas que tiveram contato com aves infectadas deram resultado negativo para o vírus H5N1.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o risco de transmissão do vírus da gripe aviária para humanos é baixo, ocorrendo principalmente por contato direto com aves infectadas. Não há evidências de que o consumo de carne de frango ou ovos devidamente cozidos possa transmitir a doença.
Economicamente, o impacto é significativo. Em 2024, o Brasil exportou mais de 5,2 milhões de toneladas de carne de frango, gerando cerca de US$ 9,9 bilhões em receita. Estima-se que cada mês de embargo chinês represente uma perda de aproximadamente US$ 100 milhões.
Estudos indicam que um surto de gripe aviária pode causar prejuízos de até R$ 13,5 bilhões à economia brasileira, afetando toda a cadeia produtiva, desde a produção de rações até o transporte e a geração de empregos.
O governo brasileiro declarou estado de emergência zoossanitária por 180 dias e intensificou as medidas de vigilância e controle sanitário para conter a disseminação do vírus e retomar a confiança dos mercados internacionais.