Cidades

Padre denuncia ex-bispo da Diocese de Catanduva (SP) por estupro

autor: Por Gazeta do Interior - Catanduva

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Um padre da Diocese de Catanduva (SP) procurou a polícia para denunciar o crime de estupro contra o ex-bispo, Dom Valdir Mamede. Ele deixou o cargo em outubro do ano passado, após um escândalo de assédio moral e sexual vir à tona.

Trecho do depoimento do pároco à Polícia Civil diz que, desde que foi nomeado para uma cidade da região, Valdir se aproximou dele, tendo em vista que estava se recuperando de uma depressão. Nesse tempo, o então bispo lhe pedia favores, os quais eram realizados, acreditando que o mesmo fosse pai espiritual, porém, com o passar do tempo, Dom Valdir passou a Ihe pedir "favores estranhos", como depilá-lo.

A princípio, segundo o padre, Valdir utilizava um produto, mas depois passou a pedir para o padre, que utilizasse uma máquina de barbear o corpo. Nas primeiras vezes Dom Valdir permanecia de cueca, mas depois passou a ficar totalmente nu, inclusive com o órgão genital ereto e, às vezes, até chegava a ejacular.

Ainda segundo relato, Dom Valdir frequentava a Paróquia onde o padre trabalhava de três a quatro dias da semana. Em uma noite, Mamede estava alterado devido o excessivo consumo de álcool e pediu para o padre posar na casa dele e que, no dia seguinte, o levasse até o aeroporto de S. J. do Rio Preto. 

Durante aquela noite, o bispo propôs para eles assistirem um filme e, segundo o declarante, Dom Valdir passou a tirar a roupa e insistiu que o padre ficasse à vontade, bem como abriu o sofá para ficar mais espaçoso, onde, em dado momento, pulou em cima do pároco e o agarrou, beijando "a força", mordendo seu corpo e introduzindo o pênis em sua boca, até que ele ejaculou.

Após o ato, o padre disse que Dom Valdir foi para seu quarto e o declarante passou o resto da noite chorando, sofrendo a maior decepção da sua vida, pois não esperava que fosse abusado sexualmente por um indivíduo, que o considerava como "pai".

Posteriormente, o padre diz que o então bispo pediu perdão e que ele não comentasse os fatos com ninguém. Porém, mesmo após os fatos, Dom Valdir, quando ficava embriagado, efetuava ligações por vídeo e ficava nu, onde se masturbava. Mesmo diante da negativa do declarante e devido o respeito pela hierarquia, permanecia em silêncio. 

No depoimento o padre relatou também que, em uma noite, estava em sua residência, quando Dom Valdir telefonou, por diversas vezes e disse que estava na frente do imóvel. Ao descer do veículo, o padre notou que o bispo estava bêbado.

Ao entrar na residência, Dom Valdir tirou as roupas e tentou agarrar o padre, exigindo que usasse estimulante sexual, porém, ele o empurrou. Tempo depois o bispo entrou no quarto nu e se masturbando, onde notou que ele   havia ejaculado no lençol. Em seguida o padre então pegou um algodão e recolheu o esperma do bispo, sendo encaminhado depois para o laboratório.

Após os fatos, o padre afirma que recebeu diversas ameaças e pressões psicológicas de Dom Valdir com o intuito de inibi-lo, para que não tomasse qualquer providência referente aos fatos. No depoimento o pároco diz ainda que depois tomou conhecimento de que Valdir praticou fatos semelhantes também contra outras vítimas, razão pela qual buscou ajuda com outro bispo.

Além de provas e laudos, nomes de outras vítimas também foram relatados à polícia. Um inquérito policial já foi instaurado e o caso está em investigação.

A Gazeta não conseguiu contato com Valdir Mamede para comentar o assunto. A Diocese de Catanduva ainda não se manifestou sobre o caso.

Escândalo e renúncia

Conforme a Gazeta mostrou, Valdir Mamede renunciou ao cargo, em outubro do ano passado, após um escândalo dentro da igreja católica vir a à tona. Uma investigação interna da revelou que o bispo era acusado de assédio moral e sexual contra padres e seminaristas da igreja.

Antes disso, a Gazeta divulgou, com exclusividade, um áudio enviado por Mamede aos padres, onde ele exigia que os sacerdotes pagassem uma condenação de um padre da região, por abuso sexual. Após a reportagem ir ao ar, o bispo decidiu processar o jornal pela divulgação do material, entretanto a justiça julgou improcedente e arquivou o pedido de indenização por dano moral.