
O jornal Gazeta do Interior foi procurado nesta última segunda-feira, (02/06/2025), por leitores que flagraram o despejo de esgoto no Rio Grande, no trecho entre as cidades de Fronteira (MG) e Icém (SP).
Segundo o empresário Danilo Linares Sant'Ana, proprietário de um rancho próximo ao local, o problema ocorre há pelo menos dois anos e se estende por diversos pontos do rio, logo após a barragem da Usina Hidrelétrica de Marimbondo.
“Tenho vídeos mostrando o despejo direto no rio e já coletei amostras de água para enviar a um laboratório. Quero saber o nível de contaminação e vou cobrar respostas das autoridades. Não podemos mais aceitar essa situação que está prejudicando o meio ambiente e a saúde de todos”, afirmou Danilo.
De acordo com o empresário, o esgoto estaria sendo despejado pela Copasa, companhia responsável pelo saneamento básico em Minas Gerais. A empresa alega que o lançamento estaria dentro da capacidade permitida, mas moradores da região desconfiam da veracidade dessa justificativa.
Pescadores que frequentam o trecho relataram que peixes pescados no rio, como a piapara, estão aparecendo com vermes. Vídeos gravados por eles mostram a gravidade da situação e indicam que o problema pode estar diretamente relacionado à poluição da água.
O esgoto e os peixes com vermes: qual a relação?
Especialistas explicam que o despejo de esgoto doméstico ou industrial não tratado em rios pode levar ao crescimento descontrolado de parasitas e organismos patogênicos, como vermes, que podem infectar os peixes. Esse esgoto pode carregar ovos e larvas de vermes intestinais, além de bactérias e vírus, criando um ambiente propício para infecções. Além disso, a matéria orgânica presente no esgoto contribui para a redução de oxigênio na água, enfraquecendo os peixes e tornando-os mais suscetíveis a doenças.
Por meio de nota, a Copasa disse que as imagens registradas nos vídeos é o local onde se encontra o emissário final da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Fronteira, ou seja, a tubulação que conduz para o rio Grande o efluente já tratado, em conformidade com os padrões legais estabelecidos pelos órgãos competentes.
“O odor é inerente ao processo do tratamento do esgoto e a presença de espuma se deve à agitação pela qual o efluente passa no interior da rede, até chegar ao manancial, portanto, não representam anormalidade”, disse a nota.
Na Prefeitura de Fronteira (MG), ninguém foi encontrado para comentar a situação.