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Turistas reclamam de estado de abandono e falta de manutenção em prainha de Sales (SP)

autor: Por Luiz Aranha, Gazeta do Interior - Sales

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Turistas que frequentam a prainha de Torres do município de Sales (SP), têm reclamado da situação de abandono que o local se encontra. Somente em janeiro deste ano, a Prefeitura da cidade arrecadou mais de R$ 113 mil com a entrada de turistas nas três prainhas de água doce da cidade.



A Gazeta do Interior esteve no último domingo, (16/02), na Prainha de Torres - a maior e mais frequentada da cidade - e a situação encontrada foi de completo descaso. Todo o fim de semana, milhares de pessoas frequentam as três prainhas – Torres, Cervinho e Richelieu, que são banhadas pelo rio Tietê, um dos maiores e mais importantes rios do Estado de São Paulo e também do Brasil.

Pelo fato da barragem da usina hidrelétrica da Promissão (SP) ficar a poucos quilômetros da cidade de Sales (SP), o rio Tietê forma nas prainhas um grande represado, se tornando uma das maiores extensões de rio de água doce do Estado. Com uma paisagem deslumbrante e o calor intenso que tem feito nos últimos dias, estes locais se tornam grandes pontos de atrações turísticas para pessoas de quase todo o estado de São Paulo.

A aposentada, Maria Aparecida de Oliveira, veio da cidade de Franca (SP) com o marido Osmar Oliveira para conhecer a prainha de Torres, porém, ela disse que ficou decepcionada com a situação de abandono do local.

“O rio é uma maravilha à parte, porém, acho que falta conservação por parte da Prefeitura. Os quiosques estão todos danificados e os banheiros completamente sujos, sem nenhum cuidado”, diz.

A turista tem razão, pois o descaso do local pode ser visto por toda a parte. As pias estão quase todas entupidas, sujas e com torneiras quebradas. As churrasqueiras completamente danificadas e vandalizadas. Em alguns quiosques a fiação está exposta e até sem soquetes para colocação de lâmpadas.



O mato alto e a sujeira estão por toda parte. Alguns postes de iluminação da prainha estão com as lâmpadas queimadas e durante à noite a escuridão toma conta do local.

Todos os turistas compartilham apenas um banheiro masculino e um feminino, que estão em situação deplorável. Além da falta de limpeza, os vasos sanitários estão todos encardidos e as paredes e portas com muita pichação e vandalismo. Os vidros das janelas estão quebrados há anos e as portas não possuem fechaduras.



Os mictórios do banheiro masculino foram retirados e nunca mais repostos. O local possui apenas um chuveiro elétrico com banho quente, porém, o espaço de banho está todo encardido e sem nenhum tipo de higiene. Algumas duchas estão quebradas e a fiação exposta coloca em risco crianças e adultos, que frequentam o espaço.





Durante todo o dia em que estivemos no local, nenhum funcionário lavou ou higienizou os banheiros. As prainhas também não disponibilizam papel higiênico, papel toalha e sabonete para higiene das mãos.



"O vandalismo só existe, porque não existe nenhum tipo de fiscalização. Os vigilantes só passam para cobrar o valor dos quiosques, mas não monitoram os banheiros e não andam pela prainha", diz José Antonio Molinari, morador de São José do Rio Preto (SP).

A reportagem constatou que o espaço possui outros dois banheiros novos, porém, que nunca estão abertos. Constatou também que possui guardas e vigilantes na portaria, 24 horas, porém, apenas para realizar a cobrança da entrada dos turistas, pois não existe nenhum tipo de fiscalização do espaço.

O som alto e ensurdecedor dos carros vira um verdadeiro campeonato de som no espaço. Usuários de drogas por toda a parte intimidam frequentadores, principalmente dentro do banheiro masculino, onde o consumo de cocaína é realizado, livremente, em cima dos bancos de azulejo.

Para entrar nas prainhas os turistas pagam R$ 20,00 por carro. Os ônibus pagam R$ 300,00, micro-ônibus R$ 160,00, van R$ 60,00, caminhão R$ 60,00, caminhão ¾ R$ 40,00 e motos R$ 10,00 cada. O preço, por diária, dos quiosques, aumentou, recentemente, passando de R$ 35 para R$ 50,00. Lembrando que o pagamento deve ser realizado apenas em dinheiro ou pix.

Um levantamento feito pela Gazeta do Interior na Prefeitura de Sales revela que as três prainhas arrecadaram, só em janeiro deste ano, R$ 113.787,09. Somente a prainha de Torres arrecadou, em um mês, R$ 22.870,00. Com tanto dinheiro entrando no caixa da Prefeitura, será que não seria possível cuidar melhor do espaço?

A reportagem descobriu que existe uma empresa contratada pelo município, que deveria ser responsável pela limpeza e manutenção dos banheiros, com um plantão de 12 horas. Entretanto, não foi o que encontramos pelo local.



Procurado, o responsável da empresa, Ricardo Trevizan, disse que tem uma mulher responsável pela limpeza dos banheiros. “Eu não sei o que está acontecendo e porque ela não está limpando, mas vou procurar saber e garanto que na próxima semana, vocês podem voltar à prainha, que o local vai estar limpo”, garantiu.

A Gazeta procurou também o secretário de turismo da cidade, Donizete Edissel de Oliveira, que afirmou que as prainhas recebem manutenção constante, inclusive, a prainha do Richelieu passou por reforma em outubro do ano passado.

“Na prainha de Torres nós vamos fazer melhorias, porém, estamos sem dotação orçamentária. Nós tivemos que aumentar o valor cobrado, porque já fazia 10 anos que não tinha reajuste”. Sobre a falta de fiscalização e limpeza da prainha, Donizete se comprometeu em acompanhar a situação de perto. Sobre os banheiros novos fechados, ele afirmou que só são abertos durante altas temporadas.