De nada adianta um prédio bonito por dentro e por fora, se o atendimento não for de boa qualidade. A Gazeta do Interior inicia, neste mês de setembro, uma série de reportagens relatando como anda a saúde pública das 12 cidades de cobertura do jornal. O primeiro município visitado por nossas equipes foi Potirendaba. A Gazeta realizou uma enquete com a população em três dias e avaliou que 76% dos entrevistados encontram dificuldades no atendimento de saúde. O Hospital Assistencial do município que é referência para algumas cidades da região, atende urgência e emergência, recebe moradores de municípios vizinhos e tem sistema de primeiro mundo. Tudo garantido por convênios, atendimento particular e até pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A entidade vive também com verbas de repasses municipais. O valor mensal é de R$ 70 mil para cobrir várias despesas. O local tem salas cirúrgicas modernas, novas, com equipamentos de alto padrão e de excelente qualidade. Este ano a direção da unidade enviou aos moradores um comunicado alegando que estaria endividada. Nossa reportagem na época procurou justificativas da dívida, mas ninguém atendeu nossa equipe. Um levantamento feito a pedido da Gazeta pela prefeitura de Potirendaba revela que por mês, o hospital realiza, em média, 4,3 mil atendimentos. De janeiro de 2013 até agosto, a entidade efetuou mais de 34 mil procedimentos. Só que com tanto padrão e estrutura, será que o atendimento interno é de boa qualidade? Nossas equipes foram às ruas conversar com a população e pedir para os moradores avaliarem o sistema de saúde em que eles são atendidos. Em três dias, nossa reportagem realizou uma enquete onde ouviu 80 pessoas com idades entre 30 e 60 anos. 76% dos entrevistados disseram que a demora em conseguir consulta com médico especialista é o maior problema na saúde de Potirendaba. 16% disseram que a falta de medicamentos e a realização de exames na cidade são fatores cruciais que deixam a saúde municipal a desejar. Apenas 8% dos entrevistados avaliaram o sistema bom ou excelente. Os 80 entrevistados puderam avaliar o sistema ainda com uma nota de 0 a 10. A nota média da enquete foi de 6,5. É importante ressaltar que todas as pessoas ouvidas são moradoras da cidade há mais de um ano e dependem exclusivamente da saúde pública do município. Adriana Teixeira de Godói é uma das pessoas que avalia o sistema de saúde. Ela conta que em 2010 sua sobrinha morreu no hospital por demora no encaminhamento para São José do Rio Preto. "Eles demoraram muito para levar ela para um hospital com suporte especializado e ela morreu por infecção no rim. Nem exames como de urina realizaram nela aqui", disse. Ainda de acordo com o levantamento, Potirendaba tem três postos e um centro de saúde. A média de atendimentos nessas quatro unidades é de 8,2 mil pessoas. De janeiro até agosto, segundo os dados, 66,9 mil procedimentos foram realizados nestes postos. Para atender toda essa demanda, o município conta com convênios do Governo Federal. Segundo nota enviada pela prefeitura de Potirendaba, a cidade recebeu três convênios somando R$ 200.422,00. Com esse valor o município comprou um aparelho de ultrassom, um monitor de sinais vitais, um carro para limpeza, um balcão refrigerador, lavadora de roupas, bisturi elétrico, bomba infusa, ventilador pulmonar e um cardioversor. Desse valor, R$ 140.000,00 será destinado para compra de equipamentos e material permanente para as Unidades Básicas de Saúde. Trecho da nota afirma que a prefeitura conquistou verba de R$ 200.000,00 de emenda parlamentar, do Deputado Arnaldo Jardim, para a aquisição do Aparelho de Mamografia, porém, o Ministério da Saúde não aprovou a proposta alegando que o município tem que ter mais de 20 mil habitantes. Segundo a prefeitura, a equipe da saúde está analisando outro aparelho na área para comprar. Ainda de acordo com a prefeitura, as quatro unidades de saúde passarão por reformas ainda este ano. Um ponto importante de destaque e que é novidade na saúde de Potirendaba, são os postos de saúde atendendo até às 19h. Em todos eles a população pode ser atendida com médicos, nos próprios bairros, como Clínico Geral, Ginecologista, Obstetra e Pediatra. Conforme prometido em matéria publicada pela Gazeta em maio, a prefeitura distribuirá os medicamentos nas casas. Segundo nota, a Secretaria de Saúde está finalizando o cadastro de pacientes crônicos e depois serão realizados os grupos de apoio para eles. As pessoas com diabetes e hipertensão devem procurar à unidade de saúde mais próxima para participar do grupo multi-disciplinar para orientações necessárias. (Matéria publicada na edição impressa da Gazeta do Interior do mês de setembro) (Foto: Luiz Aranha/Gazeta do Interior)